por Janderson »
12 Jan 2015, 01:20
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo ...”
Com esta frase célebre de Abraham Lincoln eu começo esse post.
Me sinto chateado, chateado por tudo ter ocorrido da forma que ocorreu, tanto é que não tive coragem de falar, de colocar para fora isso tudo, coisas que falarei agora, por isso digo, acho que estava enganando vcs., e isso não poderia continuar por muito tempo, vcs. são meus amigos, minha família, muitos aqui não conheço pessoalmente, mas por já nos falarmos e conhecermos deste o antigo Vectra Clube (e lá já se vão uns 12 anos por baixo) considero muitos daqui como verdadeiros irmãos.
Por esse motivo acredito que devo satisfações, principalmente a muitos amigos que nos últimos tempos queriam comprar o meu VCD, e sem querer me gabar, mas tinha uma lista enorme de interessados, gente que me mandava e-mail, MP, e por aí vai, gente de peso, nomes como Arquiteto, Ives (que estimo muito e me mandou uma MP enorme) , Demostenes, Andix, Alcir (que até deu uma ciscada,mode Tiozão, rsrsrs....), e muitos outros amigos.
Pois bem, nem tudo na vida são flores, nem tudo é simples como parece...as vezes o remédio tem que ser amargo para curar.
Antes de tudo, vcs. me conhecem pela internet, e sendo assim não me conhecem totalmente, pois bem, sou um cara que acho já nasci com óleo correndo nas veias no lugar de sangue, tamanho eu gosto e sou aficionado por carros, desde muito criança sinto uma tara por carro, acho que tive 2 livrinhos de criança para leitura (um deles foi Joãozinho e o pé de feijão) depois com uns 5 anos já lia revista 4 rodas !!!, imaginem...com 8 anos lavava o carro sozinho, com 10 já me metia a dar pitacos sobre acessórios pro meu pai, e com 11 aprendi a dirigir oficialmente.
Isso tudo me deixou muito chato com carro, detalhista, perfeccionista ao extremo, uma doença, e notei que essa doença se agravou muito com o Vectra por ser um sonho realizado, carro que sempre admirei e sempre vou amar pra sempre.
Com o VCD 03 eu estava ainda pior, não queria nem tocar no carro pra não gastar, não estava fazendo o que uma pessoa normal faria, a de aproveitar, tava ficando obsessivo, com medo de estragar ele, etc....meu sonho era ficar eternamente com ele, placa preta, etc...
Um cara que sempre acompanho nos seus raciocínios (que acho muito lógicos) é o Pedro Josino, e ele postou algumas coisas que me fizeram refletir sobre a minha vida em relação ao carro, ou seja, ele quis falar que mesmo que se cuide ao extremo sempre tem coisa pra fazer, e sempre (nós apaixonados) fizemos sem nem ao menos pensar em custo, etc...fizemos por amor, por prazer, mesmo sem se dar conta que estamos nos prejudicando de certa forma.
Cuidei muito do VCD desde o 1º dia que compramos ele, já tinha comprado de uma senhora, semi-novo, com 2 anos e meio de uso apenas e com só 6 mil kms, porém, carro de mulher muitas vezes vem com rodas raladas, meu tinha 2 bem raladinhas, mas fui relevando, apesar que me irritava aquilo e não pensava nem mesmo em consertar, queria era comprar nova.
Com tudo era assim, um simples micro arranhão e eu já entrava em depressão, quando alguma coisa estragava eu sou daqueles que não troca só aquilo que estragou, troco tudo em volta...a válvula do ar quente começou a vazar, lá fui eu na autorizada e mandei por tudo novo, até mesmo abraçadeiras e parafusos da válvula termostática, gastei uns 2 mil a uns 2 anos atrás, mas me sentia bem.
Nos últimos tempos a “doença” piorou e acabei fazendo mais maluquices, certa vez notei um barulho no escape, pensei, poxa, já quase 10 anos, deve estar furado, não me dei o trabalho nem de ver, já saí a procura de escape novo e original, como todos sabem achar peça para Vectra B é como procurar agulha no palheiro, certas coisas originais não se acha mais, e o escape era uma delas, revirei o Brasil inteiro, cheguei a pôr Net Fone em casa para falar grátis DDD e assim ligar para todas as concessionárias GM de norte a sul, achei um escape ponteira dupla, o último do Brasil conforme o sistema de peças da GMB, até mesmo Tio Alcir me ajudou nessa empreitada para vir de SP, não poupava dinheiro nem esforço, guardei o escape aqui.
Nesse meio tempo aconteceu um imprevisto, temos garagem para apenas 1 carro descoberto, então alugamos uma garagem pequena, 3 boxes, a parede da garagem faz divisa com uma creche onde fizeram uma reforma, bateram na parede e soltou o reboco do meu lado, caiu em cima da tampa do porta-malas do VCD !!!, foi pouca coisa, só um reboquinho fino, não chegou a afundar a lata e amassar, deu uns piques de pedra e lascou uns 5 pontos de tinta, foi o suficiente pra eu quase enfartar, sério.
Esses pontinhos, teve 3 que pegavam na dobra da tampa, falei com o cara e ele até se dispôs a pagar, etc...corri um mês nos melhores lugares para arrumar, só que em todos me falaram em pintar a tampa inteira, dar um banho de tinta, etc...queriam retirar os emblemas (nomes do carro) etc...pois ficava na curvatura da tampa, depois colocariam no lugar, pensei, como fazer isso, e o enquadramento de fábrica, etc...nem dormia mais, mas não me tirou o gosto e carinho pelo carro, continue tentando, mas pintar em volta dos emblemas não admitia, retirar eles muito menos.
Mais um inconveniente, parado no engarrafamento um motoqueiro (moto-boy dos infernos) ficou se esgueirando por entre os carros, passou atrás do meu carro e notei um raspão, o f*[censurado] foi embora, quando ví tinha lascado a tinta do para-choque atrás, pouca coisa, mas acho que ele deve ter prensado a perna, empurrado a capa do para-choque e essa entrou e voltou, não estragou e nem desalinhou o para-choque, mas trincou um pedação da tinta...mais surpresa, ralou aquela moldura plástica do para-choque, deve ter sido com a pedaleira, essa moldura corri o Brasil inteiro e achei por um valor absurdo, claro, comprei e ía pintar o para-choque e por tudo zero km.
No início de novembro o barulho do escape aumentou e junto apareceu uma leve exitação ao ligar o carro pela primeira vez do dia, parecia marcha-lenta irregular e depois estabilizava, consumo aumentou um pouco, apareceu uma leve babadinha na tampa de válvula, mínimo mesmo, tinha que ver com lupa.
No posto pedi para ver o carro por baixo o frentista me falou que podia ser o catalisador que estava querendo soltar o miolo, realmente, quando esquenta parava pois acho que dilatava a cerâmica.
Na concessionária me falaram que dava para andar tranquilo assim, que nesse estágio imperceptível ainda um catalisador vai a 80 mil kms, (eu estava com 53 mil) mas que já ia me preparando, claro, não tinha catalisador a venda nem mais no sistema da GMB, entrei em contato até com a fábrica, até na europa procurei original e não achei, o catalisador do Vectra automático é a coisa mais difícil de se achar e mais rara , pois é diferente de todos os outros !!!, com o carro no elevador ví que meu problema de barulho era apenas o abafador final solto na junção com o intermediário, coisa que arrumei em 20 minutos numa loja especializada, porém como já tinha comprado o final ponteira dupla pensei, vou atrás de um catalisador e do intermediário novo e trocar tudo !
Depois de ligar para umas quase 400 concessionárias GM (das 600 do Brasil inteiro) a procura dessa peça, estoque antigo jogado em algum lugar, achei no norte e nem mandavam pra cá, o preço é impublicável, mas mesmo assim comprei e tive ajuda de outra concessionária GM de SP que intermediou a remessa, mesmo caso do intermediário Kadron original que mandei vir de outra autorizada, nessa brincadeira paguei quase o valor de meio Vectra A !!!
Comprei as últimas rodas de liga-leve de todo o Brasil, zero km, na caixa, vieram de Belem do Pará !, isso é pra vcs. verem como eu estava ficando com esse carro, o carinho e o respeito pelo carro foram até o último minuto com ele.
Mas voltando aos pensamentos do Pedro, certo dia, em novembro ainda, esperando as peças (catalisador, rodas, etc...) comecei a refletir, estou gastando fortunas, estou obcecado por algo que pode acabar um dia, afinal, nada dura pra sempre, até nós morremos um dia, pensei nas borrachas da suspensão que teria que trocar, coisas que não vejo com meus olhos que com o tempo deterioram, continuaria minha busca por todo o Brasil ?, com certeza sim, mas e se não encontrasse um dia ?, e se um dia batessem nele ou roubassem e ganharia apenas o seguro e deu ?, junto a isso, meu irmão fala, quero comprar um carro, ok, tudo bem, mas não temos mais espaço , o que fazer ?
Mesa redonda em casa, afinal os carros aqui em casa são da família, apesar de eu ser responsável pela manutenção, limpeza, etc....ainda é um bem familiar.
Foi uma longa conversa, longa mesmo, não passava na cabeça de ninguém vender o albino, porém pensamos, vamos oferecer assim como quem não quer nada e ver no que dá, a idéia era repensar a frota daqui de casa, 3 carros, só eu dirigindo e cuidando, 3 IPVAS, 3 seguros caros, 3 aluguéis, etc...e quase sem uso os 3, um, o Elegance está hoje com 4 mil kms !!!
Tem um conhecido nosso que já queria o albino desde que compramos ele, me enchia o saco todo dia, por aqui na real tinha uns 50 interessados, não podia sair na rua que me incomodavam, esse conhecido em especial, pensava que era brincadeira dele.
Pensei em oferecer no clube, afinal era melhor ficar com os amantes do Vectra, um carro desses nas mãos do Arquiteto, do Ives, etc...seria bem cuidado e o sonho da placa preta seguiria em pé.
Porém, acho que não teria a coragem de oferecer no clube, pois como falei, nem tudo são flores, as fotos não mostram esses detalhes que falei, o ralado no para-choque, o ralado da roda, etc...por isso sempre falo, foto engana, e era a última coisa da face da terra que queria, oferecer o carro aqui, alguém se encher de esperança e chegar aqui e dizer, bah, mas o Janderson não falou que estava assim ou assado, pensei que estava zero km, daí que disse no início, não queria enganar ninguém, nunca foi meu propósito, gosto de negócio o mais limpo possível.
Continuando, falei por aqui, para esse cara, meu , tô pensando em vender, no outro dia o cara me ligou fazendo uma proposta pornográfica no carro, daí não tinha jeito, o fim estava próximo, era o momento exato como diz o Pedro, o carro do mano já tava sendo comprado, não teria mais volta, nunca mais ía vender o carro pelo valor proposto e para alguém que sei que vai cuidar também, que sabia o que estava comprando e nas condições essas, o cara viu o carro, e conhece de carro, então não enganei ninguém e acho que fizemos um bom negócio pra ambas as partes, de quebra vou ver o albino ainda.
Peço, por favor, não fiquem chateados comigo, sei que muitos vão pensar, bah, mas te avisei né Janderson pra me avisar, eu queria, etc..., porém foi um negócio não totalmente programado, tínhamos a intenção, porém não era concreta a ponto de anunciar o carro e esperar vende-lo, tanto é verdade que as rodas e o escape intermediário chegaram depois que entregamos ele , eu mesmo comprei peça pra ele no dia que estávamos indo no cartório passar os papéis, isso mais uma vez mostra o respeito que tinha pelo carro e que queria ficar com ele, foi um momento inesperado, uma proposta irrecusável, uma necessidade de espaço, de fazer girar a grana e uma decisão familiar, onde cada um de nós aqui em casa tem um peso na decisão, e como meu pai estava com o carro no nome dele eu não poderia falar que eu decido tudo, pois bem, essa é a história do albino, me perdoem qualquer coisa, quem sabe ele não retorna aqui pra o clube, vamos torcer.
Abraços
Janderson
Vectra CD 2.2 16v manual 99 Branco Mahler(top-teto e couro) Saudades!!!
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