por Arquiteto »
17 Mai 2014, 23:38
material retirado do forum detalhe.net
sobre as orbitais ...
Guia rápido sobre orbitais ver. 2
Para quem já está familiarizado com o Detalhe, produtos e técnicas e quer evoluir para a orbital, aqui ficam algumas dicas sobre estas máquinas e sobre o polimento em si.
1. Orbitais
1.1. O que são?
A maioria das chamadas "orbitais" são máquinas adaptadas das lixadoras de madeira. São conhecidas como lixadoras excêntricas ou roto-orbitais. Estas máquinas produzem no seu prato um movimento excêntrico que permite lixar, polir, etc.
O movimento roto-orbital, que também é conhecido lá fora como de "dual-action" (DA), consiste numa rotação muito lenta - quase livre - e num movimento orbital. Este movimento é um movimento livre do prato sobre os excêntricos, dando a ilusão de ser aleatório (na prática acaba por ser considerado como aleatório). O movimento do prato aproxima-se muito do movimento da aplicação circular de produto à mão. Como a máquina produz velocidades de orbita muito superiores às da mão, consegue mais trabalho em menos tempo.
Aqui no detalhe utilizamos a orbital com esponjas de polimento, que em conjunto com os "polishes" permitem polir as superfícies pintadas dos nossos automóveis.
1.2. Tipos de máquinas
1.2.1. Formato "ferro de engomar"
As lixadoras mais comuns e mais acessíveis têm o motor por cima dos excêntricos e do prato. Normalmente têm um prato com base de velcro, de 125mm ou 150mm de diâmetro. Costumam ter um saco de retenção de pó.
As velocidades vão até às 13000 orbitas por minuto (OMP). Algumas têm gatilho electrónico, outras têm apenas um regulador de velocidade. As que não permitem regulação não servem para o polimento automóvel.
As mais evoluídas já têm mecanismos de controlo de velocidade para um trabalho mais preciso, mais potência e até regulação do diâmetro de excentricidade.
Como exemplo temos a a DWD26410, a Bosch PEX420AE ou mesmo a Fartools.
1.2.2. Formato "L"
As lixadoras profissionais são, na sua maioria, em formato "L". Como exemplo temos a PorterCable 7424, Makita BO6040, Festool Rotex, DeWalt 443, etc.
Estas máquinas são máquinas para trabalho contínuo e muito potentes. Em todo o caso permitem trabalhos de precisão, tais como polimento. Como vantagem principal em relação às anteriores temos a ergonomia: são mais compactas e equilibradas.
1.3. O que devo procurar numa lixadora?
Queremos utilizar uma lixadora de madeira para polir superfícies pintadas em automóveis. Por isso mesmo nem todas servem.
Normalmente queremos uma máquina com um prato entre 125mm e os 150mm. Existem várias razões: tanto pela dimensão das esponjas mais adequadas (falaremos a seguir), como pela superfície a tratar (curvas e etc), como pela potência da máquina, como pela aplicação de acabamento (que é para isso que vai servir).
A máquina deve ter regulação de velocidade: seja por gatilho electrónico ou por potênciómetro. A segunda opção resulta numa operação mais cómoda.
O intervalo de velocidades da máquina deve estar entre as 3000 OMPs e as 6000OMPs. Máquinas que fazem 4000-12000 já servem, se bem que se deve ter sempre em mente que temos uma máquina um pouco desajustada e por isso devemos operá-la com cuidados.
A máquina deve ter um raio de excentricidade próximo dos 5mm.
Não deve ser muito pesada: um peso de mais de 3Kg é excessivo.
Era bom que tivesse estabilização de velocidade. O que é isso? É um mecanismo electrónico que permite que a máquina faça a mesma velocidade sem carga ou com carga. Ajuda a manter a aplicação de produtos (polish ou outros) de forma uniforme.
2. Polimento com orbital
Depois de ter a máquina, vamos polir!
Como é que se faz o polimento? O polimento é uma acção de fricção. Esta fricção é o resultado do tipo de produto (polish ou outro) e do tipo de esponja.
2.1. Esponjas
As esponjas para orbital utilizadas no detalhe são esponjas com base em velcro. Estas esponjas existem em várias densidades e permitem aplicar os polihes (ou outros produtos) de forma eficaz.
As esponjas caiem em três categorias: corte, polimento e acabamento.
Existem varias escolhas de esponjas disponíveis no detalhe. A escolha da esponja deve ser feita conforme o estado da superfície a tratar e também consoante a dimensão do prato. Normalmente deixa-se cerca de um centímetro entre o prato e a esponja, tendo esta sempre um diâmetro superior ao do prato. Isto deve-se, obviamente, a questões de segurança no trabalho - não queremos que o prato de velcro atinja a superfíce a tratar!
2.1.1. Corte
A esponja de corte é uma esponja densa que permite uma acção mais abrasiva.
Normalmente recorre-se ao corte para remover defeitos mais sérios da pintura. Muitas vezes usa-se este tipo de esponja em conjunto com os polishes mais abrasivos. Tudo depende das condições da pintura a tratar. Cada caso é um caso!
2.1.2. Polimento
A esponja de polimento é, como o nome indica, para polir. Queremos deixar a superfície uniforme, o verniz transparente e brilhante. É para isto mesmo. Normalmente é uma etapa imprescindível no tratamento das superfícies.
2.1.3. Acabamento
A esponja de acabamento é para acabamentos. Permite deixar a superfície com um brilho vibrante. É importante nas superfícies de côr escura e não tão essencial nas superfícies de côr clara.
2.2. Produtos
Já sabemos que tipos de esponjas existem, agora, que polishes existem?
Os produtos destinados ao tratamento das superficies pintadas caiem em três grandes categorias: compound, polish e glazer.
2.2.1. Compound
O compound é o tipo de produto mais abrasivo. É utilizado para retirar marcas de lixagem, defeitos graves. Normalmente aplica-se com máquina rotativa (não descrita neste guia). Esta gama de produtos tem vários níveis de abrasividade e normalmente não deixa a superfície com brilho. É possível aplicar alguns tipos de compound com orbital e com alguma técnica.
O compound disponível no detalhe.net é o Menzerna Power Gloss que tem características especiais. Apesar de ser destinado a ser aplicado com máquinas de polimento (rotativas), porque é muito fino consegue ser utilizado com sucesso com orbitais (desde que com alguma velocidade). Também devido às suas características especiais deixa a superfície com algum brilho.
2.2.2. Polish
O polish destina-se a limpar com profundidade ou a retirar defeitos ligeiros. Por si só deixa brilho e uniformidade.
Existem em vários níveis de abrasividade nos polishes. O 1Z UPP (Ultra Paint Polish) é o mais abrasivo. Depois vem o 1Z PP (Paint Polish) ou o Menzerna IP (Intensive Polish). Ainda existem o 1Z MP (Metalic Polish) e o Menzerna FF (Final Finish).
2.3. Que produto/esponja aplico?
A escolha da variável esponja e da variável produto deve ser decidida antes de polir. Na generalidade dos casos inicia-se com a esponja de polimento e com o produto de abrasividade média, ou seja, o polish (1Z PP ou Menzerna IP).
Dependendo da situação em mãos pode-se aumentar ou diminuir a abrasividade através da esponja, através do produto ou de ambos.
Esta questão é difícil de explicar. Normalmente requer a experiência para sabermos o que funciona em determinadas situações e o que não funciona noutras.
É importante nunca aplicar nenhum conjunto mais abrasivo do que o necessário.
2.3.1. Carro com pintura nova ou carro tratado
Se o carro tiver uma pintura jovem devemos em primeiro lugar deixar curar a tinta. Normalmente leva entre um a dois meses. Os puristas falam em seis. Durante este tempo é importante tomar bem conta da pintura, pois não está protegida e queremos que fique imaculada até ao tratamento. É aconselhável ser lavado todas as semanas com cuidado.
Se o carro já foi tratado e queremos apenas fazer o polimento de manutenção, podemos seguir a partir daqui.
Chegando à altura do tratamento podemos aplicar o detalhe completo (fora do âmbito deste guia). Na fase de polimento e como a superfície está em condições, basta aplicar produtos pouco abrasivos. Normalmente o 1Z MP é mais que suficiente para remover marcas da plasticina e pequenas sujidades.
Se o carro está isento de swirls também poderemos recorrer aos polishes químicos (Grojet ou PwC). Estes conseguem limpar a superfície e deixá-la com um aspecto impecável.
2.3.2. Carro nunca polido
Um carro nunca polido está claramente a necessitar de cuidados. Dependendo do tempo de vida e seu estado, podemos (regra geral) aplicar inicialmente um polish médio: PP ou IP. Depois de uma aplicação pode decidir-se se foi suficiente, se mais uma ou duas passagens são suficientes ou se é mesmo necessário aumentar a abrasividade da combinação esponja/produto.
Aconselha-se sempre a não aplicar mais abrasividade do que a necessária. Muitas vezes vale mais a pena aplicar duas ou três vezes um polimento médio do que ir directamente a um abrasivo. A camada de verniz protector da pintura é muito fina e não há necessidade em diminuí-la. Mais tarde fará falta!
2.4. Como faço o polimento?
Estando a esponja limpa e seca deve-se aplicar uma ou duas borrifadelas de QD. De seguida aplica-se o produto na esponja a usar, ou em pontos da esponja espalhados ou num circulo a meio da esponja.
Espalha-se o produto na superfície a tratar, com a máquina desligada, numa secção de 60cm por 60cm. Com a máquina poisada na superfície ligamo-la e trabalha-se o produto.
Sempre avançando devagar, deve-se percorrer um quadrado imaginário numa direcção. Quando se chega ao fim do quadrado numa passagem, volta-se para trás deixando que a esponja volte a cobrir metade do que a passagem anterior cobriu. Quando se chega ao fim do quadrado, segue-se na direcção perpendicular.
Continua-se nesta rotina até que o produto comece a apresentar indícios de ficar seco ou desaparecer. Aí pára-se. Depois basta retirar o excesso com um pano microfibras limpo e seco.
2.5. Que velocidade devo imprimir?
Para efeitos de corte superior devemos usar de velocidades mais elevadas, enquanto que para polir usamos velocidades intermédias. Para aplicar produtos de finalização, recomendam-se as velocidades mais baixas.
3. Notas finais
Nunca se devem misturar produtos diferentes na mesma esponja e/ou no mesmo pano. Devem-se sempre utilizar panos distintos para produtos distintos e o mesmo com as esponjas.
Os panos, como todos sabem, podem ser lavados na máquina. As esponjas da orbital não. O ideal é lavar com água morna e detergente da loiça. Fazem-se algumas passagens com detergente e no fim enxagua-se muito bem. A secagem é feita ao ar.
As esponjas, depois de lavadas e secas (tal como os panos), podem ser utilizadas com outros produtos.