Mantenedor escreveu:Belo esclarecimento rgapski simples objetivo e direto!
Era a confirmação que esperava sobre a collinite 915 , 476 .
Pensei nesta cera justamente pelo fato da alta proteção que ela tem com a lataria em questão.
Confesso que estas dicas sobre a aplicação da cera , como dias quentes , frios , peso da mão na aplicação e quantidade da cera em cada passada me deixa mais seguro de que posso fazer a manutenção corretiva após o polimento e finalização na loja.
Quando você disse que a 915 deixa uma cor ótima com cara de quem recebeu hidratante , fecho!!
Agora os procedimentos em 3 etapas : polimento;refino e lustro vou me informar bem a respeito nestas lojas.
A propósito Rgapesk pode dar uma talinha sobre cada etapa se tiver mais um tempinho?
Grande abraço , tenho a certeza que ajudou e muito a esclarecer e orientar sobre tratamento da pintura.
Mantenedor/VCD/2.0/16V.
Vou tentar resumir um pouco a coisa...
Polimento bem feito é um negócio muito trabalhoso de se fazer, exige muita paciência e dedicação. Por isso que quem faz bem feito não cobra barato.
Trabalhei alguns anos com isso e cheguei à conclusão de que são poucas as pessoas dispostas a pagar por um serviço bem feito. Pelo menos eu aprendi bastante e aplico as tecnicas no meu carro... heheheh
Vou dar um resumo de como se faz:
1º Passo: Análise da pintura.
Primeira coisa que se deve fazer é uma analise da pintura.
O capô e o teto, em geral, são os melhores indicativos de como andam as coisas com o restante do carro, pois o capô e teto são as partes que mais sofrem com a mão dos lavadores, os pedriscos da estrada, a chuva ácida, variação de temperatura, etc.
A partir daí se analisa se é possível a recuperação ou aplicação do polimento. Se a pintura estiver fina, com verniz abrindo, entre outros defeitos, avisa-se o cliente dos riscos ou impossibilidade.
Se aceitar o polimento, vai para a descontaminação.
2º Passo: Descontaminação.
É a remoção de resíduos mais resistentes que ficam encrustados na pintura. Uma espécie de limpeza profunda.
Normalmente se faz com uso de produtos apropriados (iron-x, orange da malco, etc) para remoção dos contaminantes químicos e depois o uso de uma clay bar (minha favorita é a 3m - roxa) com auxilio de quick detail para remoção de compostos que não são removidos com quimica, como grãos de areia, oversprays, entre outros.
Esse passo é necessário para que facilitar o polimento, e evitar que pequenos grãos se soltem no momento do polimento e causem hologramas (riscos).
2º Passo: Teste de polimento/etapas.
Com tudo limpo, começa-se protegendo as borrachas, emblemas e vidros, pra não respingar massa/composto.
Com tudo protegido, vamos testando "conjuntos" de boina e compostos, ou até mesmo lixamento, em uma pequena área. Com isso conseguimos definir quais serão as etapas e o que será utilizado.
Começamos testando do mais fraco, para o mais forte. Quando chegarmos num conjunto forte, faremos este no carro inteiro, e depois seguimos com conjuntos mais fracos.
Definido o "setup", vamos para as etapas.
3º Passo: Polimento.
Em geral, quando alguem procura um serviço de polimento, temos duas situações:
A primeira é aquele carro zerinho, que o dono quer dar uma "incrementada" no visual e deixar a nave parecendo um espelho. Esse carro, em geral, só precisa de um "refino", "lustro" e "proteção" - Vou explicar mais a frente.
A segunda, é aquele dono que não aguenta mais ver aquele carro "fosco" na garagem e também não pretende ou não quer trocar por um novo. Esse carro costuma ser muito trabalhoso e difícil de alcançar um resultado 100%, geralmente precisa de "lixamento", "corte", "refino", "pré-lustro" e "lustro".
Partindo do pressuposto que temos um carro "detonado" pelo tempo e necessita de todos os passos.
Estou considerando apenas o uso da politriz rotativa. Eu consigo me dar bem com ela e finalizar sem deixar marcas, pois a minha desce às 600 rpm, que não deixa holograma.
Não gosto da maquina orbital, pois ela é demorada e nem sempre tem poder para fazer o corte de acordo.
Essa é uma preferencia minha, questão de costume. A orbital é melhor pra quem ta começando, pois o risco de dar merda é bem menor.
O primeiro passo (lixamento) é remover todos os riscos a partir de um lixamento orientado.
Usa-se lixa entre 1200 e 2000 (quanto menor o numero, mais agressiva) em um taco de lixamento com auxilio de uma solução de agua e shampoo para ajudar a deslizar a lixa.
Lixa-se a peça toda, até que ela fique fosca por igual, sem qualquer risco aparente.
Essa etapa é muito perigosa de fazer, pois corre o risco de desgastar demais. Só quem entende do assunto deve fazer isso.
O segundo passo (ainda lixamento) é remover um pouco do "fosco" da pintura e preparar para o corte.
Usa-se uma lixa mais fina (3000 ou 5000 - rara de encontrar) e promove-se um novo lixamento, no sentido cruzado do anterior.
A partir desse lixamento, o "fosco" diminui sensivelmente, dando apenas impressão de que quer abrir um brilho.
O terceiro passo (corte) é remover totalmente o fosco da pintura. Nesse passo o brilho aparece bem intenso.
Usa-se um composto de corte agressivo, como massa nº2, mega forte, etc (base de água, sempre) em conjunto com uma boina de lã ou espuma agressiva (mais rigida).
Eu gosto da boina de lã, pois esse passo causa muito aquecimento da pintura (porque o composto é agressivo), e a lã dissipa melhor.
A espuma aquece demais, causando colamento da massa/creme na lata. Se aquecer demais durante o processo, pode causar queima da pintura/verniz. A boina de espuma deixa um acabamento melhor, portanto, em lugares pequenos, dou preferencia para ela.
Esse passo levanta o brilho da pintura, pois tira os riscos da lixa, mas ele deixa marcas chamadas de hologramas, e esses hologramas são vistos ao sol, como manchas (parece que esfregou a area). Os hologramas são causados pelos compostos e boinas que são mais grossos, pra poder remover os riscos da lixa.
O quarto passo (refino) consiste em remover os hologramas (marcas da boina e massa).
Esse pode ser feita com boina de micro-fibra ou espuma de média densidade e compostos de média abrasividade, como o composto polidor ou o 3 em 1 da lincoln, por exemplo.
Nesse passo removemos os hologramas, mas alguns swirls surgem (pequenos riscos circulares, quase invisíveis, conhecidos também como teias de aranha).
Dependendo do resultado ou cor (escura ou perolizada) é necessário fazer um pré-lustro, que consiste em outra etapa com componentes e boinas mais finos, para minimizar ainda mais os swirls.
O quinto passo (lustro) é o que finaliza o trabalho. Nele toda as marcas são removidas e surge um brilho bem intenso, deixando a pintura refletindo igual a um espelho, sem qualquer marca, risco, etc.
Nele surge a impressão de pintura recém feita, aquele brilho "molhado".
4º Passo: Proteção.
Aqui aplicamos uma cera ou selante, vai do gosto do freguês.
Por conta do trabalho anterior, não deve ser usado, em hipótese alguma, "ceras polidoras", "ceras limpadoras", "grand prix", "carnu", etc.
O carro fica liso demais depois do polimento, e a proteção não pode ser abrasiva e deve apenas promover uma cobertura na pintura.
Eu gosto dos selantes como protetores. A aplicação é segura (não risca),fácil (não cansa) e o resultado é ótimo (protege e brilha mais que a cera). É um pouco mais caro, mas vale a pena.
Os selantes costumam ser líquidos (tipo agua) e aplicados manualmente com uma espuma bem macia. É só aplicar, esperar alguns minutos para a secagem, retirar o excesso.
Depois o carro precisa ficar 24h coberto para que o selante "cure".
Há quem prefira a cera, que pode ser sintética ou de carnaúba.
Dizem que a carnaúba brilha mais, que dá sensação de "molhado". Na prática, é quase isso.
Mas existe mais expectativa do que resultado. O que faz brilhar é o polimento.
A cera só cria uma camada de proteção. Em um polimento bem feito, aplicar corretamente a 476 e a 915 surgirá praticamente o mesmo resultado.
As diferenças entre as ceras existem, mas a maioria das pessoas nem percebe em um carro com o polimento bem feito.
Cera da mais diferença em carro com pintura com marcas, pois algumas ceras preenchem essas marcas e dão este aspecto de carro polido, o que não passa de uma grande enganação.
Nesse ponto, a cera 915, por exemplo, dá uma enganada à mais, pois deixa esse óleo na pintura que dá uma boa disfarçada.
Em um carro mais inteiro, ou que acabou de sair da loja (acredite, carro zero vem cheio de marcas na pintura), apenas o refino e lustro (ou ainda o pré lustro) são necessários na etapa de polimento, o que diminui drasticamente o tempo do serviço.
Espero ter sanado um pouco da dúvida.
A coisa parece simples ao ler, mas tem muito mais detalhes e técnicas envolvidas em cada etapa.
Se eu for falar nisso, vou ter que escrever um livro.. rs
Abs!